
Agora que os dias começam a ficar mais quentes, e o sol a brilhar, dá-nos vontade de tirar o mofo à toalha de praia, aos calções e a todo aquele vestuário maravilhoso com o qual passamos férias.
Porque não deixar aqui uma sugestão de um fim-de-semana bem passado num local tão fascinante como a RESERVA NATURAL DA BERLENGA.
A ilha da BERLENGA é um possante bloco granítico ancorado a poucas milhas da costa, a noroeste do Cabo Carvoeiro. Um mundo que não pertence ao Homem, mas que apetece desfrutar.
Para lá chegar a única forma é a via marítima. O mais comercial é apanhar um dos barcos que fazem a ligação.
Durante a viagem podemos desfrutar de toda a paisagem envolvente ao trajecto.
Logo à saída do Porto temos à nossa direita a Fortaleza de Peniche. Mandada edificar por D. João III em 1557 e concluída em 1645 por D. João IV. Este imóvel viu o seu espaço utilizado de forma diversa de acordo com as necessidades e as vicissitudes históricas de cada época. Praça militar de vital importância estratégica até 1897, abrigo de refugiados provenientes da África do Sul no início do séc. XX, residência de prisioneiros alemães e austríacos durante a Primeira Guerra Mundial, prisão política do Estado Novo entre 1934 e 1974, alojamento provisório de famílias portuguesas chegadas das antigas colónias ultramarinas em 1974, e a partir de 1984 e ainda hoje albergue do Museu Municipal.


Um pouco mais à frente e estamos a cruzar o ponto mais a oeste de Portugal Continental.


Ou seja estamos mesmo ao lado do cabo Carvoeiro com a sua imponente e majestosa nau dos Corvos. Esta formação rochosa recebeu este nome por ser semelhante a uma Nau Quinhentista e por albergar Corvos, Gaivotas e outras aves marinhas.
Lá vamos nós na nossa viagem subindo e descendo nas ondas ao ritmo de cada paisagem que nos vai surgindo aqui e ali.

Um pouco mais à frente e lá está o nosso destino.
Assim que o barco aporta, começa a descoberta de uma terra inóspita. Só se anda a pé e em duas horas conhece-se praticamente toda a ilha. O porto, na enseada do Caramusteiro, é o único local que dá um cheirinho a civilização, com quartos para alugar, um restaurante, duas esplanadas e uma dezena de casas de pescadores.

Podemos iniciar a nossa visita com uma caminhada. Começamos por passar junto ao bairro dos pescadores e vamos até às Buzinas, usadas para emitir um sinal sonoro que em dias de nevoeiro permite aos barcos saber que estão perto de terra.

Logo depois começamos a perceber que as gaivotas são a ave dominante. Bonitas mas barulhentas criam um autêntico cenário de quem está dentro de uma capoeira ao ar livre.

Continuamos a nossa caminhada sempre utilizando os trilhos indicados pois estamos a ser observados por gaivotas atentas aos nossos passos.

Eis que surge lá ao fundo a antiga fortaleza, construída no meio do mar, em cima de um rochedo.

Hoje em dia a Fortaleza é uma estalagem de acolhimento simples onde podemos pernoitar. O sítio é excelente para quem procura paz, especialmente durante a semana quando não há quase ninguém. À meia noite, a vista da janela do quarto para o mar é linda, principalmente numa noite de lua cheia. No horizonte vê-se o Cabo Carvoeiro, e depois Peniche. Temos a sensação de que sempre nos identificámos com aquele local remoto. Nem mesmo o guinchar de uma gaivota parece perturbar um momento assim.

Um outro recurso para passar a noite é o campismo selvagem nos socalcos situados na falésia superior à pequena praia de areia.

O banho é doseado entre um pouco de champô um salto para o mar para tirar a espuma e 15L de água doce à qual cada pessoa presente na ilha tem direito.

Para além das caminhadas, é obrigatório descobrir a ilha de barco. Existem detalhes únicos, como rochas enormes com formas de animais. A rocha da baleia é uma delas, mesmo ao lado da Fortaleza. Vista de lado, parece um autêntico cachalote. Mais a sul, a tromba de elefante. E por aí fora, com a ajuda da imaginação.

Esculturas à parte, o melhor para conhecer são as grutas. Por debaixo da fortaleza, a gruta azul, que devido à orientação dos raios solares, reflecte a luz no fundo. E se colocarmos a mão dentro da água, fica azul.

Quem é que já foi às Berlengas? O nome todos conhecem, a história das gaivotas e que é difícil lá chegar, também. Mas, andar pelas falésias escarpadas, de frente para o vento, ou atravessar as grutas maravilhosas, quem é que já fez isso?